Gordura trans ou hidrogenada: a inimiga da alimentação saudável

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Presente em quase todos os alimentos industrializados, a gordura trans, ou gordura hidrogenada, pode levar ao aumento do colesterol total e do colesterol ruim, bem como a redução dos níveis de colesterol bom. Isso pode desencadear o aparecimento de gordura no interior de veias e artérias, e causar infarto ou AVC

Gordura trans, ou gordura hidrogenada, é um tipo de lipídeo obtido através da hidrogenação industrial de óleos vegetais, que são líquidos à temperatura ambiente, formando uma gordura de consistência mais firme, é o que explica a nutricionista, Priscila Scariot.

“Por suas características, ela melhora a palatabilidade e textura, e aumenta a vida de prateleira dos produtos, por isso é muito utilizada na indústria, redes de fast food e restaurantes para frituras”, destaca.

Segundo ela, as gorduras trans, são encontradas em todos os produtos industrializados, como margarinas, sorvetes cremosos, biscoitos, bolos, tortas, pães, salgadinhos, pipoca de micro-ondas, bombons e tudo mais que contenha gordura hidrogenada.

Estudos científicos recentes, comprovaram que essa gordura é extremamente prejudicial à saúde. Conforme Priscila, o consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras trans pode levar ao aumento do colesterol total e do colesterol ruim (LDL), bem como a redução dos níveis de colesterol bom (HDL).

“Isso poderá desencadear o aparecimento de um ateroma, isto é, a placa de gordura no interior de veias e artérias, que pode causar infarto ou AVC (derrame cerebral)”, salienta. “Está associada também à obesidade, visto que é utilizada em larga escala em quase todos os alimentos. Sabe-se pouco sobre como a gordura trans é incorporada no tecido cerebral do feto e membranas celulares. Estima-se que a diminuição no consumo de gorduras trans de 6g para 1g por dia ao longo de 20 anos diminua o número de mortes por cardiopatia isquêmica em 50%”, completa a nutricionista.

Para prevenir doenças, é indispensável hábitos de vida saudáveis através da prática esportiva e alimentação equilibrada com aumento de ingestão de fibras (alimentos integrais, aveia, chia, linhaça); “gorduras boas”; redução de açúcares e sal; além da ingestão de pelo menos cinco porções diárias de frutas, verduras e legumes.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), recomenda que a ingestão de gordura trans não ultrapasse 1% do valor calórico da dieta. Isso significa que se um adulto consome duas mil calorias diárias, sua ingestão de trans não deve ultrapassar 2g.

“Não existe quantidade mínima recomendada por dia, qualquer quantidade por menor que seja, é prejudicial”, pontua.

Proibida comercialização de alimentos com gordura trans

Desde 2006, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), obriga os fabricantes a indicarem, no rótulo, a quantidade de gordura trans presente nos alimentos.

O Ministério da Saúde, também tenta acabar com a utilização dessa gordura, seguindo o exemplo de países como Suíça e a Dinamarca, onde é proibida. O governo dos Estados Unidos, anunciou na semana passada, que irá banir definitivamente a utilização de gordura trans em quaisquer produtos alimentícios.

O anúncio foi feito pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão norte-americano responsável pelo controle dos alimentos no país e as empresas têm até três anos para se adequarem à norma.

“Os óleos vegetais parcialmente hidrogenados, principal fonte de gordura trans nos alimentos processados, não são geralmente considerados seguros para serem utilizados na alimentação humana”, admitiu o FDA, em comunicado.

“Leis com a finalidade de banir gorduras trans em alimentos foram estabelecidas em diversos lugares do mundo. A Dinamarca foi o primeiro país a fazer isso em 2003. A Suíça em 2008, e diversas cidades dos EUA também adotaram legislação semelhante”, explica Priscila, e observa, que poucos produtos já foram reformulados a fim de eliminar essa gordura de sua composição.

“Enquanto profissional, acredito que a proibição por aqui será postergada, tendo em vista os interesses financeiros da indústria, que certamente farão de tudo para que a mesma não seja aprovada assim tão facilmente”, analisa.

A profissional adverte ainda, que apesar da resolução que obriga os fabricantes de alimentos industrializados a declarar a quantidade de gordura trans em seus produtos, as indústrias usam uma brecha na Lei para continuar a vender produtos com gordura trans e ao mesmo tempo utilizar selos em suas embalagens declarando-os com “0% de gordura trans”.

“É comum você ver estampada a alegação ‘Não contém’, ‘Livre de…’, ‘Zero % de…’, ‘Isento de…’, ou similar. Isso permite que o próprio fabricante arbitrariamente escolha qual o tamanho de uma porção de seu produto para que a quantidade de gorduras trans por porção fique abaixo de 0,2g”, alerta.

“Um fabricante de biscoitos, por exemplo, pode imprimir em sua tabela nutricional que os valores de uma porção equivalem a meio biscoito, e assim, induzir o consumidor a acreditar que esse produto não contém nenhuma gordura trans”, adverte a nutricionista que exemplifica: “A porção de biscoito doce é de 30 g, correspondendo, em média, a duas unidades.

Se o conteúdo de gordura trans não atingir 0,2 g nessa porção, no rótulo desse biscoito pode estar declarado ‘não contém trans’. Contudo, se a lista de ingredientes desse produto contiver ‘gordura vegetal ou gordura hidrogenada’, evidencia-se aí a presença de gordura trans, apesar do destaque de ausência desse lipídio no rótulo”, esclarece.

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Alimentos naturais: a escolha saudável

Um solução saudável para não enfrentar problemas futuros recorrentes da ingestão de gorduras trans, é a escolha de alimentos naturais de preparações caseira. Ainda, em casa, ao preparar alguma fritura, indica-se a utilização de óleos de soja, milho ou canola.

Outro alerta, é ao substituir margarina por manteiga. Apesar de ter baixa concentração de ácido graxo trans, a manteiga é riquíssima em gordura saturada e, por isso, seu consumo deve ser moderado. O melhor é procurar margarinas livres de trans.

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